quinta-feira, 30 de agosto de 2012

:X


Ser gostosa não é ser magra e ter bunda dura e seios grandes, ser gostosa é ser sensual.
E ser sensual é querer comer e ser comida pela vida.Que é o que me caracteriza.

Viviane Mosé

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

A confiança


 Amor implica depender, estar na mão da outra pessoa. Por isso, amar alguém que não nos transmite confiança é ser irresponsável para consigo mesmo.
  
Poucos são os casais que vivem em concórdia, num relacionamento que crie condições para que ambos cresçam emocional e intelectualmente. Mas, porque existem alguns casais que vivem em harmonia, devemos nos empenhar para também fazermos parte dessa minoria privilegiada.

Hoje quero me dedicar a um aspecto essencial das boas relações amorosas que é o desenvolvimento da confiança recíproca. Amar implica depender, estar na mão de outra pessoa. Ela tem, mais do que ninguém, o poder de nos fazer sofrer. Basta querer nos magoar que conseguirá isso, com uma simples palavra ou gesto.

Se quiser nos fazer sentir insegurança, não terá problema algum. Fica mais do que evidente que, quando uma pessoa ama alguém que não se empenha em despertar a sensação de confiança e de lealdade, ela irá padecer muito. Irá se sentir permanentemente ameaçada, terá ciúme de tudo e de todos.

Amar alguém que não nos passa confiança é, pois, uma irresponsabilidade para consigo mesmo. É uma ousadia, uma ingenuidade e uma grande demonstração de imaturidade emocional – ou sinal de que se tem satisfação com o sofrimento.

Em geral as pessoas se colocam nessa condição em virtude de terem se encantado com alguém que, de fato, não dá sinais de confiabilidade. Aceitam essa atitude egoísta do amado imaginando que seja uma fase, um período doloroso que irá passar com o tempo.

Fazem tudo para demonstrar o seu amor, para cativar o outro e esperam que isso faça com que, finalmente, ele se renda, e também se entregue de corpo e alma à relação afetiva. Acaba se compondo uma espécie de desafio, em que aquele que não é confiável percebe que recebe mais atenções e carinho exatamente por agir dessa forma.

Com isso se perpetua a situação e me parece bobagem achar que o futuro será diferente do presente. Afinal de contas, aquele que não se entrega ao amor, acaba sendo altamente recompensado por isso e não terá nenhuma tendência para alterar sua atitude.

Quando a “mágica” do encantamento amoroso não vem acompanhada da “mágica” da confiança a pessoa está posta numa situação muito difícil, na qual o sofrimento e insegurança serão as emoções mais constantes.

E essa “mágica” da confiança de onde ela vem? De vários fatores, sendo que o primeiro deles depende do comportamento da pessoa amada. Não é possível confiarmos numa pessoa que mente, a não ser que queiramos nos iludir e tentemos achar desculpas para não perder o encantamento por ela.

Não é possível confiarmos em pessoas cujo comportamento não está de acordo com suas palavras e suas afirmações. Aliás, quando o discurso não combina com as atitudes, penso que devemos tomar essas últimas como expressão da verdadeira natureza da pessoa.

Não é possível confiarmos em pessoas que mudam de opinião com a mesma velocidade com que mudamos de roupa. É evidente que todos nós, ao longo dos anos, atualizamos nossos pontos de vista. Porém, acreditar em certos conceitos num dia – na frente de certas pessoas – e defender conceitos opostos no outro – diante de outras pessoas – significa que não se tem opinião firme sobre nada e que se quer apenas estar de bem com todo mundo. Amar uma pessoa assim é, do ponto de vista da autopreservação, uma temeridade.

A capacidade de confiar depende também de como funciona o mundo interior daquele que ama e não apenas da forma de ser e de agir do amado. Não são raras as pessoas que não conseguem desenvolver a sensação de confiança em virtude de uma auto-estima muito baixa.

Desconfiam da capacidade que têm de despertar e conservar o amor da outra pessoa; se sentem inseguras, acham que a qualquer momento podem ser trocadas por criaturas mais atraentes e ricas de encantos. E, o que é mais grave, se sentem assim mesmo quando recebe, sinais constantes, coerentes e persistentes de lealdade por parte da pessoa amada.

Nesses casos, não há o que essa criatura possa fazer para atenuar o desconforto daquelas, cuja única saída é um sério mergulho interior em busca de resgatar a auto-estima e a autoconfiança perdidas em algum lugar do passado.

Finalmente, para uma pessoa desenvolver a capacidade de confiar é necessário que ela seja uma criatura confiável. Costumamos avaliar as outras pessoas tomando por base nossa própria maneira de ser.

Se nos sabemos mentirosos, capazes de deslealdade e de desrespeito aos outros, como ter certeza de que as outras pessoas não farão o mesmo conosco? Só aquele que tem firmeza interior, que tem confiança em si mesmo no sentido de respeitar as regras de conduta nas quais acredita, pode imaginar que existam pessoas em condições de agir da mesma forma.

Se a felicidade sentimental depende do estabelecimento da confiança recíproca, ela será, pois, um privilégio das pessoas íntegras e de caráter.

    Flávio Gikovate 
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domingo, 26 de agosto de 2012

Indo

A existência está calcada nas relações e na forma que elas se estabelecem; a verdade está no resultado, no que acontece por conta de um ato impensado ou distraído: o que sucede esse mal entendido não tem conserto; o que não tem conserto é o destino.

Joca Reiners Terron é escritor. Publicou Curva de rio sujo e Sonho interrompido por guilhotina, entre outros. Pela Companhia das Letras, lançou seu último romance, Do fundo do poço se vê a lua, e relançou seu primeiro, Não há nada lá. .

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Marquei com meu pai as 11:00, ele chegou as 8:00. Todo trabalhado na ansiedade, daquelas bem encantadoras...

Disse ao moço da mudança que só tinha Toddynho em casa, ele soltou aquele sorriso e foi abrindo a geladeira...

Com um tanto de coragem e outro tanto de alegria.

Tudo novo di novo.



quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Dos sonhos

Tua chama me ilumina
Me faz virar um astro incandescente...


Alguém vai ler o que eu não soube dizer? 
É indizível.

Tão imenso e repleto de possibilidades.

A espera cessou. Sabe porque? Ele entende meus passos lentos e tem toda a paciência com minha travessia.


Inspiração, poderia ser a foto dele, mas, sou discreta e vivo de esmolas...

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Antes de nascer o mundo.

A família, a escola, os outros, todos elegem em nós uma centelha promissora, um território em que poderemos brilhar. Uns nasceram para cantar, outros para dançar, outros nasceram simplesmente para serem outros. Eu nasci para estar calado. Minha única vocação é o silêncio. Foi meu pai que me explicou: tenho inclinação para não falar, um talento para apurar silêncios. 
Escrevo bem, silêncios, no plural. 
Sim, porque não há um único silêncio. 
E todo silêncio é música em estado de gravidez." -


Mia Couto

sábado, 18 de agosto de 2012

Versão loira


                                                      Eu, a mesma, só que não.

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Ganhando o que esqueceu querer

E veio me dizendo que eu não tô sozinha no meu infinito intransponível – e trouxe magia e vi bem de perto as cicatrizes, e me encantei por sua petulância em ser tão inocente, ainda acredita no amor e de um jeito franco. Acho que estava cansado de viver no ataque pra justificar a defensiva.

Ele é de algodão por dentro, ele se entrega ao riso do jeito mais bonito do universo, tem as mãos vazias de muitas esperas. Fala comigo com o tato do Edward mãos de tesoura cauteloso, me olha encantado de um jeito que eu nunca mais vou esquecer.

Meu carinho por ele vive de esmolas (ostentar é coisa feia).

Ele ainda não é meu e nem sei se será.

Ele tem agregado alegria a felicidade que eu tenho conquistado.

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Up

Eu apenas queria que você soubesse
Que aquela alegria ainda está comigo
E que a minha ternura não ficou na estrada
Não ficou no tempo presa na poeira...


domingo, 12 de agosto de 2012

Eu viajo nele


Dentre as inúmeras qualidades do meu pai, tem uma que me encanta.

Ele me deixa quieta, quando eu quero ficar quieta. Ele não fala falando tentando contornar sei lá o que imaginário. Ele respeita e entende os meus silêncios e bem na hora exata do surto, ele solta a piada...E me faz esquecer que eu tava surtando...

Eu viajo nele.

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Recado

Se me der um beijo eu gosto
Se me der um tapa eu brigo
Se me der um grito não calo
Se mandar calar mais eu falo
Mas se me der a mão
Claro, aperto
Se for franco
Direto e aberto
Tô contigo amigo e não abro

Vamos ver o diabo de perto
Mas preste bem atenção, seu moço
Não engulo a fruta e o caroço
Minha vida é tutano é osso
Liberdade virou prisão
Se é amor deu e recebeu
Se é suor só o meu e o teu
Verbo eu pra mim já morreu
Quem mandava em mim nem nasceu
É viver e aprender
Vá viver e entender, malandro
Vai compreender
Vá tratar de viver
E se tentar me tolher é igual
Ao fulano de tal que taí
Se é pra ir vamos juntos
Se não é já não tô nem aqui
Gonzaguinha

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Rompimentos

Etiqueta de rompimento.

Um guia prático de boas maneiras para pessoas que desejam pôr um fim na sua relação amorosa sem perder o decoro.

Fim de caso para quem já leu o manual (qualquer um, pode ser o da geladeira. Nunca se sabe o que existem nesses livretos, ninguém lê mesmo).

- Bom dia.
- Bom dia. Fique a vontade. Deseja beber algo? Café, água?
- Sim, claro. Café.
- Diga-me, o que ocorreu para marcar um encontro tão cedo? Alguma saudade extraordinária?
- Não. Trata-se de um assunto delicado.
- Sendo assim, prossiga.
- Recebi uma proposta e vou me desligar de você...
- Hmm...
- E já conhecendo o seu perfil de negociação, prefiro não arriscar uma contraproposta.
- Entendo. Não posso oferecer muito e a competição é acirrada. É só você esquecer um aniversário-de-qualquer-coisa que já vem a concorrência prometer não somente lembrar, como também levar pra jantar.
- Está difícil pra todo mundo. Tive muita sorte em ficar com você, lembra? Aquela sua antiga pretendente era bem mais multidisciplinar...
- Isso é verdade, entendia de um tudo... O problema foi ela já querer que eu assinasse uns contratos que lhe davam direito a metade dos lucros... Inegociável. Mas então apareceu você, recém dispensada de um estágio mal-amado, inexperiente, com vontade de mostrar serviço, não pensei duas vezes.
- Isso eu não posso negar, mas meu foco mudou. Resolvi arriscar um sonho antigo e fiz os meus contatos. Conversamos e ele me ofereceu o dobro do que você me oferece.
- O dobro? Acho difícil alguém oferecer mais do que eu já ofereço, mas se você prefere assim... Poderia, antes de ir, porém, preencher esse formulário com sua opinião a respeito do meu desempenho, sua avaliação, críticas, sugestões, elogios. É uma forma que estou adotando para o auto-aperfeiçoamento.
- Lógico, por que não? Foi um prazer, enquanto pôde ser um, estar ao seu lado.
- O prazer foi meu. Desejo que encontre muito mais para onde você está indo.
- Muita gentileza da sua parte. Desejo o mesmo para você!
- Ah, outra coisa...
- Diga...
- Enquanto procuro outra... Pode cumprir trinta dias de aviso prévio?

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Aqui!!!

sábado, 4 de agosto de 2012

A gente tem que sangrar pra ser feliz

Estes tem sido os dias em que mais pensei em você, fico pensando na sua explendorosa passagem, Minha mãe e suas milhares de coisas sabidas...
Você e a sua falta de imediatismos e desnecessidades.
Você e todas as suas razões.

Você a melhor pessoa que eu já conheci, você que me trouxe até aqui e ainda me fez companhia. 
Você, responsável por essa saudade insana e desconcertante.
Você que me deixa parada cheia de um mundo seu em mim.
Você que enfiou essa fé no meu peito bem forte.
Você, motivo do descansar das minhas pernas.
Por você, não atropelo mais nada ou a mim mesma.

Aperto a minha mão e me levo pra onde eu quiser.


Viver não dói! 

A sua falta sangra, mas me fortalece...


quarta-feira, 1 de agosto de 2012

A gente não aproveita


É difícil sair da cama nas manhãs de julho. Do lado de fora do edredom há um mundo gelado e hostil. Do lado de dentro, calor e aconchego. Em outras épocas do ano isso talvez não fique tão claro, mas, no inverno, estar sozinho é uma forma diária e refinada de castigo. E a companhia do outro, que às vezes pode parecer supérflua, revela-se como coisa física e essencial. Em julho e agosto, calor humano é mais que uma metáfora.

Tenho a impressão, às vezes, que a nossa vida é composta de essencialidades subestimadas. O calor do corpo humano no inverno é uma delas. O prazer da companhia do outro quando se chega em casa, é outra. Sentar no sofá e ver televisão quase em silêncio, falando sobre as miudezas do dia. Ir mais cedo para a cama pelo prazer de estar lá, lendo ou namorando. Saltar da cama com pressa, para aproveitar, a dois, uma manhã ensolarada. Dormir até mais tarde, sem urgência alguma, para desfrutar um sábado friorento.

A gente não aproveita o suficiente essas coisas, eu acho. Um tempo enorme do nosso convívio é gasto ralhando com o outro sobre que ele ou ela fez de errado, ou se queixando do que o mundo lá fora fez com cada um de nós. Outra parte imensa do nosso tempo é perdida em tristezas sem razão, em suspeitas sem fundamento, em angústias de origem desconhecida, em culpas que nos perseguem como assombrações sem solução. A gente não gasta tempo suficiente com o corpo do outro, com o coração doce do outro, com a mente inquieta e criativa do outro. A gente não aproveita o outro como poderia, eu acho.

Talvez haja armadilhas na nossa natureza humana que atrapalham na hora de ser feliz. Uma delas é o hábito, associado ao desprezo pelos detalhes. O que está lá todo dia deixa de nos fazer feliz. Pequenas coisas que fazem a diferença na nossa vida também podem passar sem ser notadas. Algo dentro de nós clama por grandeza e novidade, de preferência todos os dias. Como se fosse possível, ou mesmo desejável, viver uma aventura a cada 24 horas, reinventar a vida a cada volta do relógio. Mas é isso que uma parte de nós reclama – ela quer novidades, confusão, heroísmo e lágrimas. Exige movimento e agitação como sinônimo de vida. O cotidiano suave e amoroso é percebido como a chatice a ser combatida.

Às vezes eu acho que isso é um problema neurológico. Ele impede centenas de milhões de pessoas de ficarem em paz com as coisas legais que estão ao redor delas. Em lugar do gozo, o problema neurológico instala dentro de nós os mecanismos da inquietação e da queixa. Em lugar da satisfação, a angústia. Evidentemente isso não acontece com todo mundo, mas quanta gente assim você conhece? Quanto de você mesmo não é assim?


Talvez seja uma coisa evolutiva. Vai ver que a felicidade – ou qualquer estado de contentamento e acomodação – é negativa no longo prazo. Vai ver que nós, humanos, precisamos estar ansiosos o tempo inteiro para nos mantermos vigilantes, atentos contra os riscos. Sempre em movimento, sempre famintos. Como está na moda explicar tudo com base na evolução da espécie, fica aqui a minha modesta contribuição para o darwinismo social: haveria um gene da infelicidade que zela pela sobrevivência de longo prazo da nossa espécie?

Na verdade, acho os determinismos biológicos bobagem. Tenho a impressão de que nós, coletivamente, escolhemos como queremos viver. É cultural. Nas últimas décadas, muitos de nós preferimos a inquietação em oposição à quietude. Nós escolhemos viver como bichos insatisfeitos em vez de viver como bichos felizes. Não nos educamos para apreciar as felicidades tranquilas da vida cotidiana. Talvez porque elas nos assustem. Talvez porque uma vida serena e repetida nos lembre estagnação e morte. Talvez porque os nossos valores sejam o do grande romance ocidental, em que sexo, romance e aventura culminam em uma morte dramática e prematura, como em Romeu e Julieta.

Qualquer que seja a razão, não nos preparamos para apreciar os prazeres cotidianos. Estamos sempre olhando para fora de um jeito sonhador, ou para dentro de uma forma exageradamente crítica. Assim cultivamos a insatisfação e a infelicidade. Assim perdemos os melhores momentos da vida dos outros, e da nossa.

Por isso eu gosto tanto da parte de dentro do edredom nas noites de inverno. Ela confere uma dimensão material e concreta aos nossos compromissos. Ela traduz, de forma gostosa e protetora, as nossas opções afetivas. Mostra que somos capazes de escolher, partilhar e proteger. Que sabemos apreciar o prazer e o conforto do nosso convívio. Ela é uma metáfora quentinha de uma parte importante e subestimada de nós – aquela que precisa do outro, que gosta do outro, que tem prazer na presença e no convívio com o outro. Aquela parte de nós que prefere ser feliz a reclamar.