quinta-feira, 28 de novembro de 2013

O eco para Narciso


Você diz: Tenho dormido muito mal. A pessoa responde: Ah, eu não, eu deito e durmo na hora. Você diz: Vou para Paris. A pessoa diz: Ah, nunca fui para lá.
Ouvir é principalmente uma atividade de troca de foco, projetar o foco na direção do outro e permitir que ele seja iluminado pelo nossa escuta, nosso ouvido deve ser como uma lâmpada, mas temos sido como eco para narciso, repetindo de forma solitária e deturpada falas que permanecem soltas num espaço sem luz.

aqui




segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Das necessidades



Quando refletimos sobre a condição humana e reconhecemos que estamos todos "no mesmo barco" perdemos o direito de reivindicar mais para nós!

Pessoas com mais maturidade emocional buscam soluções para suas sensações de carência e desamparo que não onerem seus parentes, parceiros...

Não creio que caiba uma postura pessimista ao perceber que a condição humana envolve dores inevitáveis: elas são um estímulo para a evolução.

Penso que se nos sentíssemos completos e em harmonia não existiria o amor, nossos vínculos seriam precários e estaríamos na idade da pedra.

Ao invés de me lamentar, penso cada vez mais no quão fascinante é a vida: temos enormes desafios e cabe a cada um dar resposta aos dilemas.

Não é bom terceirizar os dilemas existenciais: ou seja, tentar se encostar em alguém para que eles resolvam nossas carências e dificuldades.

Buscar um parceiro para, juntos, lidarmos com os problemas da vida é enriquecedor. Buscar alguém para nos carregar nas costas é imaturidade.

Flávio Gikovate

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Não tem cadeado, no seu pensamento



Se o vento parar e o sol castigar
Num dia ruim, num trânsito sem fim
Se o gás acabar e o sonho ruir
Se o choro chegar e o céu te engolir

Nossa música que lhe faz bem
Você pode descer desse trem
Olhe um pouco pro lado
Não tem cadeado no seu pensamento

Olhe o mundo girando no chão
Olhe a pipa no céu, avião
Olha a sombra da árvore
Se oferecendo pra dar um alento


Se a grana apertar e o prazo vencer
Seu copo tombar, seu time perder
Se alguém se foi, não tente entender
O que se passou segue com você


Nossa música que lhe faz bem
Você pode descer desse trem
Olhe um pouco pro lado
Não tem cadeado, no seu pensamento

Olhe o mundo girando no chão
Olhe a pipa no céu, avião
Olha a sombra da árvore
Se oferecendo pra dar um alento


Tudo se desestrutura pra você se estruturar
Quando a fruta tá madura, ela pode se jogar
Sinta as pernas na cintura, se levante pra andar
E é o chão que te segura, deixa o chão desmoronar


Marcelo Jeneci, em “Alento”.
Compositores: Marcelo Jeneci, Isabel Lenza e Arnaldo Antunes.

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Ah! o Alívio...



A força que marca estes próximos seis meses é a do Fogo, Maria, claramente demonstrada pela simbologia do naipe de paus. O seu momento é purificador, regenerador. O transbordar de uma poderosa intuição permitirá compreender quais os caminhos que devem ser trilhados e você desafiará sua própria alma ao trilhar tais roteiros. A emergência de uma carta do naipe de paus revela que algo no mais profundo da sua alma está transbordando, a fim de que você trave contato com os aspectos mais íntimos do seu ser, Maria. Estes próximos meses serão marcados por desafios poderosos que você fará para si e também por percepções mais amplas da realidade ao seu redor. O momento é de tomar iniciativas que permitirão mudar o contexto das coisas que você não aprecia em sua vida.

Cenário: Um navio, que se encontrava parado no meio do mar, pega súbita velocidade.

8 de Paus é a carta do alívio, Maria. Sugere a súbita aceleração dos planos e dos desejos, justamente daqueles que se encontravam parados há um bom tempo. Eis que a vida se descongela e o que estava travado começa a fluir, com leveza e boa velocidade. A energia espiritual travada encontra sua libertação e tudo começa a fazer um sentido que não era possível de ser encontrado antes. Não se preocupe com o que parece “inerte”. Sua vida se porá em notável movimento nos próximos meses!

Síntese do Semestre: Estes próximos meses serão marcados por notícias inesperadas e positivas, Maria. Você terá a clara sensação de que as coisas que andavam travadas em sua existência simplesmente acelerarão a contento. O entusiasmo contagiante causará impacto no meio. Procure elaborar novos projetos para canalizar tanto vigor!

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Quando acordo com o pé esquerdo, sou canhota




Não existe dia ruim. Sempre há chance do dia ser feliz. Mesmo que seja tarde. Mesmo que seja de madrugada. Uma gentileza salva o dia. Um bife milanesa salva o dia. Uma gola branca e engomada salva o dia. Uma emoção involuntária salva o dia.


Nunca o dia está inteiramente perdido. Não devemos acreditar que uma tristeza chama a outra, que se algo acontece de errado tudo então vai dar errado. Lei de Murphy não foi aprovada pela Câmara dos Deputados.


Confio no improviso, na casualidade, no movimento das cortinas na janela.


Até o último minuto antes da meia-noite, você pode resgatar o contentamento. É uma gargalhada do filho diante da papinha, transformando a cadeira num imenso prato. É algum amigo telefonando para confessar saudade. É sua mulher procurando beijar a orelha mandando sinais de seu desejo. É o barulho da chuva na calha, é o estardalhaço do sol na varanda. É encontrar - iniciando na tevê - um filme que adora e já assistiu cinco vezes. É oferecer colo ao seu gato. É planejar uma viagem de férias. É terminar um livro que abandonou pela metade. É ouvir sua coleção de LPs da adolescência. É comprar uma calça jeans em promoção. É adormecer no sofá e receber a coberta silenciosa de sua companhia. É a possibilidade feminina de passar um batom e pintar as unhas. É possibilidade masculina de devolver a bola quando ela sobe a cerca num jogo de crianças


A felicidade é pobre. A felicidade precisa de apenas um abraço bem feito.


Sigo esperançoso. Não coleciono tragédias. Sofro e apago. Sofro e mudo de assunto, abro espaço para palavras novas, para lembranças novas.


Vejo o esforço da abelha tentando sair do vidro, e não sou melhor do que ela. Vejo o esforço da formiga carregando uma casca de laranja, e não sou melhor do que ela. Viver é esforço e nos traz a paz de sonhar – querer não fazer nada é que cansa.


Não existe dia que não ganhe conserto. Não existe dia morto, dia de todo inútil.


Não desista da alegria somente porque ela se atrasou. Pode ter recebido esporro do chefe, ainda assim a hora está aberta. Comer um picolé de limão é capaz de restituir sua infância.


Não encerre o expediente com o escuro do céu. Pode não ter grana para pagar as contas e ter que escolher o que é menos importante para adiar, ainda assim é possível se divertir com o cachorro carregando seu chinelo para o quarto.


Quando acordo com o pé esquerdo, sou canhoto. 

Não existe dia derrotado.

Carpinejando...

Os idiotas e as idiotas, o baile tudo...



Já vi, já conheço. E de tudo ele se intitula dono.

Relacionar os acontecimentos a sua volta com a própria experiência assim de modo tão direto é a nossa forma de diminuir a vida, o mundo. De dar uma dimensão à experiência humana. É a mania referencial dos medíocres: O olhar blasé e a certeza equivocada de que tudo fala sobre ele.