segunda-feira, 31 de maio de 2010

Eu me lembro exatamente de quando meu coração se partiu pela primeira vez. E de como ele se partiu tantas outras vezes depois disso, em pedaços tão pequenos e irregulares que eu achei que nunca conseguiria colar.




Desde aquele dia eu venho andando por aí carregando meu coração partido. Eu aprendi a conviver com ele. Aprendi que mesmo que se eu quisesse passar o dia na cama sentindo pena de mim mesma, eu não podia. Então, eu levantava, escolhia minha roupa, tomava banho, ia trabalhar enquanto dizia pro meu coração partido "espera aí. daqui a pouco a gente volta pra casa e pode sofrer mais um pouquinho." E aprendi a esconder meu coração partido, a guardar os pedacinhos juntos, só pra mim.



Eu me acostumei ao meu coração partido. Por onde eu passava, eu pensava "será que as pessoas sabem que estão falando com alguém de coração partido?" ou "quantas dessas pessoas aqui nesta pista de dança também estão com o coração partido?" Eu me acostumei a pensar que ele ainda estava cicatrizando e precisava de tempo. Achei que não podia dar meu coração partido para ninguém, porque é feio dar uma coisa que não está perfeita, esperando que alguém conserte pra mim.



Mas aí eu comecei a desconfiar que ele não está mais partido. Que ele já cicatrizou e cicatrizou desse jeito aí, desconfiado, fechado, estranho.



Mas cicatrizou. Acho.

http://tantoscliches.blogspot.com/


São tantas por aí...

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