quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Sou sua caixa-preta, sua cópia de segurança, seu diário, seu esconderijo na parede.


Já te fiz muitos posts, são quatro, ou cinco, ou seis, ou mais
Eu sei demais
Que tá demais...
...

Eu decorei suas fraquezas, acalmei seus pesadelos.
Conheço histórias de sua infância, dores e repulsas.
Sou sua caixa-preta, sua cópia de segurança, seu diário, seu esconderijo na parede.
Poderia imitar sua caligrafia, poderia escrever sua biografia, listar o material escolar da 5ª série, recordá-lo  da capa de bichinhos coloridos da cartilha Alegria de Saber.
Você não escondeu nenhuma resposta de minhas perguntas. Nenhuma gaveta para a minha curiosidade.
Nunca se revelou tanto para outra pessoa. Expôs quem odiava no Ensino Médio, quem amava, quais as gafes e as covardias que experimentou na escola.
Confidenciou aquilo que seu pai omitiu e que magoou fundo, aquilo que sua mãe gritou e feriu fundo.
Não tem anticorpos contra mim. Baixou as armas, depôs a mínima resistência.
Se você me escolheu para confiar, devo ter o dobro de tato para falar contigo, o triplo de responsabilidade. Qualquer um conta com o direito de falhar, qualquer um desfruta da possibilidade de errar, menos eu. Sou a que realmente estudou seus pontos fracos e o lugar de suas veias.
Perdi a desculpa do acidente, a vantagem do lapso.
Sou a mais perigosa, portanto tenho a obrigação de defendê-lo de mim. Tudo o que ouvi a seu respeito não posso empregar para agredi-lo. Cada desabafo que me confiou não serve para nada, a não ser para amá-lo.
Não tem finalidade doméstica, nem serventia para fofoca, é uma amnésia alegre: escuto, sorrio e consolo.
Não ouso soprar verdades sem sua permissão. São arquivos protegidos.
Quem ama mergulha em hipnose regressiva, firmamos um código de quietude e cumplicidade, de zelo e compromisso.
Intimidade é um conteúdo perigoso, tóxico, explosivo. Há os casais que esquecem que estão levando a valiosa carga e transformam a catarse em tortura psicológica, em chantagem emocional, em sequestro moral.
Suas confidências morrem comigo ou eu vou morrer nelas. Não podem retornar numa briga. Que eu morda a língua, queime a boca, mas não use jamais seus segredos. Aquilo que você me disse não é para ser devolvido. Todo segredo é um sino sem pêndulo.
Não importa o que faça ou as razões da raiva, é covardia distorcer suas lembranças.
Não posso rifar seus problemas, nem propor leilão dos seus medos.

Eu prometo cercar seu silêncio com meu silêncio.
Não nasci para julgá-lo, mas para me julgar e, assim, merecê-lo.


Nasci para você.


Carpinejando com toda licença poética.

...



Hoje eu falei
Pra mim
Jurei até
Que essa não seria pra você
E agora é

Se juntar cada verso meu
E comparar
Vai dar pra ver
Tem mais você que nota dó
Eu vou ter que me controlar
Se um dia eu quero enriquecer
Quem vai ler  esse blog
Sobre uma pessoa só?