Passeio livre entre labirintos poéticos e me reinvento ao mesmo tempo que me reconcilio. Dispo meu corpo do passado e tudo o que é esquecimento também é desafio. Ando pelo meio-fio do que sou e choro de rir quando me deparo com alguém que diz que pode entender o que sinto. Me acabo de rir em dobro quando outro alguém chega e diz que o que sinto é loucura. Quando na verdade, o que sinto é humanidade. É o que me ressalta aos olhos. É o que me faz aceitar e não aceitar esse tanto de querer que carrego. Embora reconhecida como animal ferido, bicho bandido e beijo de improviso, ainda me cospe na cara salivas de alter ego quando alcanço meus crimes sem castigo e ainda digo que o inferno é paraíso. E se agora começa a vida, digo aqui que agora começa também a minha nobre indecência em querer estar viva. Eu posso ser mais. Tenho a plena convicção que não sou apenas uma. Ou talvez seja, mas me divirto em pontadas de ironia entre tantos eus de imensos desejos e gritos de puro egoísmo. Tento contrariar as leis do que sinto, eu me divido. É nesse ponto que sou duo. Ando pelas ruas de uma cidade estranha, cumpro promessas, visito museus, entro numa igreja, aperto entre dedos uma correntinha e não há língua certa em minhas orações. Na rua, olhares desejosos de puros senhores fazem arder em cobiça minhas coxas de pedinte. Agora é noite e não me reconheço nessa cama porque não me reconheço em você e não há humano nenhum que de mim terá parte mutilada ou boca calada.
Aos gemidos te revelo meu não-amor. Não ser sua denuncia que sou dele.
E não há poesia que me faça diferente.
Sou a liberdade em substantivo e aprisionada em adjetivo...
Ela tem falado por mim...
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