sexta-feira, 19 de abril de 2013

Chega, já deu.


Já sa­be­mos quan­tos per­de­ram a vida nos aten­tados. Sabemos quem eram, que idade ti­nham, o que fa­ziam. Conhecemos os ros­tos. Já vi­mos uma mãe ho­me­na­ge­ando a fa­le­cida fi­lha aos mi­cro­fo­nes do mundo. Partilhamos a sua dor por­que so­mos pes­soas co­muns e a nossa ca­pa­ci­dade de criar em­pa­tia com os ou­tros não de­pende de na­ci­o­na­li­da­des. Mas já vi­mos o su­fi­ci­ente, obrigado.
No mesmo dia da ma­ra­tona de Boston, a ex­plo­são de um carro  ma­tou 30 pes­soas nos ar­re­do­res de Bagdad. Porque no res­caldo do con­tur­bado pro­cesso elei­to­ral na Venezuela mor­re­ram sete pes­soas e de­ze­nas fi­ca­ram fe­ri­das. Porque um ter­ra­moto ocor­rido re­cen­te­mente na fron­teira en­tre o Irã e o Paquistão ma­tou quase 80 e des­truiu cen­te­nas de ha­bi­ta­ções. Porque na Síria mor­re­ram mais de 60 mil e 600 mil per­de­ram as suas ca­sas desde que co­me­çou a Guerra Civil, a ja­neiro de 2011.

E é pre­ciso des­li­gar  por­que não há câ­ma­ras de te­le­vi­são, re­pór­te­res da CNN, ban­dei­ri­nhas en­san­guen­ta­das ou his­tó­rias de he­roísmo que me con­si­gam con­ven­cer de que a morte de uns é mais im­por­tante do que a morte de outros.

Desliga, se puderes.