Antes de continuar, uma confissão: eu tenho dificuldade com esse tipo de andamento. Para mim a fila anda bem devagarzinho, quando anda. Às vezes fica parada por muitos meses, e é bom assim. Dá tempo de conversar, relaxar, ser feliz. Ficar sozinho, sem fila nenhuma, é meio aflitivo, mas acontece – e de vez em quando é necessário. Se você corre de uma fila para outra, ou fica preocupado em manter cheia a sua fila, acaba entediado ou perdido ou meio desesperado. Para mim não serve.
Apesar disso, reconheço virtudes na ideia de que a fila anda.
A primeira é lembrar a mim, a você e a todo mundo que os tempos do abuso sentimental acabaram. Se você não tratar as pessoas direito, elas irão embora. É simples assim. Todos têm opções e contam com o amparo das leis e dos costumes para procurar o melhor para si mesmo. A oferta afetiva é enorme. Em toda parte há gente disponível e atraente, de todos os tipos e de todas as idades. Saber que a fila anda ajuda a prestar atenção na pessoa ao nosso lado. Quem gosta cuida, diz o clichê. Mais do que nunca ele está certo.
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